quarta-feira, 3 de agosto de 2011

2º Capítulo: Recomeçar

O relógio acabou de despertar e eu aqui enrolando na cama. Graças a Deus agora eu posso levantar um pouco mais tarde. Estou tão assustada com o primeiro dia de aula. É uma nova escola, uma nova casa, uma nova vida. Eu mudei há uma semana. Não sei o que esperar, só sei que farei o possível para que a minha adaptação seja rápida.

Minha mãe me fez visitar algumas festas no Colégio e eu conheci algumas pessoas. Foi bom por isso, pois algumas delas possivelmente estão na minha turma. Pelo menos eu espero. Eles com certeza serão pessoas que me respeitarão e me tratarão o melhor possível que se possa imaginar. Foi o que eu percebi em cada rosto, em cada olhar, era tudo muito sincero. Coisas que eu não via no meu passado. Coisas que só se vê aqui em Maragogi. Eu sempre desejei conhecer Alagoas, e agora além de conhecer, estou morando aqui.
           
             Tomei um banho e me troquei. Escolhi uma roupa que fosse bonita, mas nada muito extravagante. Além de eu não ter esse tipo de roupa, eu sempre fui simples o bastante para usar uma confortável jeans, uma camiseta e meu all star e me sentir ótima. A única coisa que abro espaço é para um bonito vestido, social ou esporte. Minha mãe sempre diz que não é muito correto uma garota da minha idade, 17 anos, conseguir viver sem uns bons sapatos de salto. Mas não é que eu não queira, eu simplesmente prefiro gastar dinheiro com uma sapatilha que eu usarei por praticamente um ano, do que com uma sandália que utilizarei por uma noite. Outra coisa, meu cabelo. Era também um assunto polêmico para mim. De um mês para cá, eu venho aceitado como ele é, natural. Ele é bonito. No começo eu até tentei o alisar, mas não consegui. Era cansativo de mais para o meu básico e eu estou com o meu cabelo preto e ondulado, e muito feliz.
            Estou passando maquiagem. Talvez seja uma das únicas coisas femininas que eu não vivo sem. Na verdade, meu gosto por maquiar, supera o de ser maquiada. Geralmente, estou com um delineador ou um duo de sombras no olho, e no máximo um lápis. Nunca gostei de batom. É uma das coisas que minha mãe reclama, também.

Toc, toc.

"A porta está..." Eu fui interrompida.
"Bom dia irmãzinha!"
"Eu ia dizer, aberta. Mas com você não existe privacidade não é, Rafael?" – Tentei repreendê-lo.
"Ah, me desculpa. Eu vou embora então!" Ele me olhou com aquele biquinho que sempre me conquistava e cruzou os bracinhos, impossível resistir. Rafael é meu irmão. Ele tem seis anos e é a pessoa que eu mais amo nessa vida.

"Bom dia meu amor, estou brincando! Vem e me dá um abraço." Nos abraçamos e resolvemos descer.

***

O cheiro estava incrível, eu nunca conseguia acreditar como, mesmo num café da manhã, Joana - minha mãe -, conseguia se superar.

"Bom dia Mãe!" – lhe dei um beijo na testa
"Bom dia Júlia."

Tomamos café todos juntos e conversamos sobre o que esperar da nova cidade. Eu não sabia o que dizer, então acabei dizendo o que esperaria para ela. Sempre a encorajando e tentando tornar tudo mais fácil para ambas. Eu sabia que se eu me mostrasse feliz, a sua única preocupação seria meu irmão, e acho que isso não é um problema, porque ele se acostuma rápido.

Minha mãe nos levou para a escola. No carro eu observava tudo ao lado de fora. Essa cidade é estranha, não sei como, mas é. Ela tem uma beleza incrível, mas há algo misterioso e oculto entre tudo, inclusive em minha casa. Como se todos elas gritavam que nada é confiável. É tudo tão belo, tudo tão maravilhoso. Desde as praias e piscinas naturais, até as trilhas. Talvez perfeito. Deve ser por isso, nada nunca foi perfeito, portanto aqui não será. Eu deixei esses meus pensamentos de lado. O que importava era que eu estava recomeçando em uma cidade estranha, literalmente. É uma nova Júlia Stoni, em uma nova cidade chamada Maragogi. Em um estado chamado Alagoas. Isso é ótimo devido aos fatos que ocorreram ultimamente.

Estava lembrando-me do meu antigo namorado, eu achava que nosso amor estava acima de tudo, mas a distância provou que não. Duas semanas depois de eu ter mudado de cidade, Estela – minha amiga mais próxima – me ligou e contou tudo o que ele fez. Ele saiu tentando conquistar todas as garotas, inclusive ela. Eu não tive coragem de ligar para ele, então terminei pela internet. Foi o que ele mereceu. Há também os rumores da minha mãe presentes naquela cidade, coisas que ela não merece e nunca fez como trair meu pai quando ele estava conosco, ou agir de má fé em seu serviço. Esse foi o principal motivo de termos mudado. O chefe da minha mãe achou melhor que ela mudasse de cidade para fundar uma nova empresa aqui e recomeçasse tudo novamente. Ele é uma boa pessoa e essa era uma oportunidade que ela não poderia perder. Minha mãe hesitou no começo, mas eu a encorajei a seguir em frente. Eu não tinha nada a perder naquela cidade. Foi até um alívio. Minha única preocupação era a adaptação do meu irmão, E...

"Filha?" – Minha mãe me chamou impaciente como se já estivesse me chamando há alguns minutos.
"Oi mãe?" – Perguntei inocentemente
"Nós chegamos."

É o primeiro dia de aula, novamente.

Um comentário:

  1. adorei a discrição da cidade!!
    ja fiquei curiosa pra conhecer!!
    e tb gostei da menina, BÁSICA, gosto de gente simples!!!
    o menino pareceu ser um fofo!!
    vamos la ver como corre esse primeiro dia de escola!!!

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