sábado, 6 de agosto de 2011

4º Capítulo: Carta(s)

            Já eram 20 horas e minha mãe estava gritando por mim. Ela me contou tudo sobre seu novo emprego, que estava localizado perto de uma das mais belas piscinas naturais desse estado e talvez, até mesmo do país: a Barra Grande. Ela tem uma riquíssima fauna e flora que com certeza, impressionam a todos. Ela me prometeu irmos lá algum dia. E eu adoraria, pois era um dos lugares que eu gostaria de ir. Rafael mostrou o que fez em sua aula e eu fiquei feliz em como ele estava entusiasmado. Eu só esperava que isso continuasse, mais e mais. Jantamos e depois limpamos a mesa.

***

            “Mãe, eu estava pensando. Será que um dia podíamos comprar uma casa nova?” – Disse-lhe com receio em minha voz e meus olhos direcionando a tela da televisão.

“Eu não entendo, por quê?” – Ela disse direcionando-se a mim e me olhando. Eu sabia que ela não iria entender. No começo era eu quem quis comprá-la. Eu adorei o gigante jardim aos fundos que me remetia às casas da Holanda e suas maravilhosas flores coloridas e intensas. Eu amei a decoração antiga que me remetia a Roma medieval. Eu amei seu formato que me lembrava casas da Inglaterra, com seu arco de entrada e suas grandes janelas. Eu amei tudo, exatamente tudo. Porém, agora é diferente. Eu estava sentindo que essa casa não me traria coisas boas. Ela gritava isso para mim e parecia que o assunto estava mais próximo do que nunca e eu já sabia, só não sabia como e por que.

“Eu não sei, meus sentimentos estão confusos. Acho que essa casa me remete às coisas ruins, só não sei explicar como.” – Eu disse a olhando. Talvez ela me entendesse, quando olhasse em meus olhos ela sentiria isso comigo.

“Eu não sei filha, eu gastei todas as minhas economias nessa casa. E se não fosse por seu tio ter me dado um desconto, talvez eu não tivesse conseguido nenhuma.” – Eu a entendo e sei como é difícil estar de mudança para uma nova cidade, não conhecer ninguém, não saber onde nem com quem comprar uma casa. O sentimento de pavor foi desaparecendo e meu rosto deve ter mostrado isso, pois ela disse imediatamente:

“Sabia que entenderia. E não ficaremos aqui para sempre, não é.” – Ao invés de fazer-me uma pergunta, o seu não é, pareceu mais uma afirmativa. Como se ela soubesse o dia exato em que partiríamos daqui.

“Obrigada” – Ela disse me dando um beijo na testa. Eu fiz um meio sorriso de despreocupação e pareço ter a agradado.

            Assistimos a programação até que comecei a bocejar.

            "Mãe, estou indo para meu quarto. Preciso terminar umas lições e depois irei dormir." – Repentinamente, lembrei-me da carta e vasculhei a mesa com meus olhos - até então sem preocupação - e virei o rosto para minha mãe novamente.

            Olhei mais uma vez para a mesa e espera um pouco [...]

             "Tudo bem filha, você precisa..." – Sua voz foi desaparecendo conforme eu me perdia em meus pensamentos.

            [...] Onde estava a CARTA?

            "MÃAAAE! Onde está a carta que eu tinha deixado em cima da mesa?" – A preocupação entoava em minha voz, mas do que eu queria estar. Porque eu estava tão preocupada com essa carta?

            "Eu achei que fosse lixo, E..."

            "Não precisa terminar, o caminhão passou e a levou." – A interrompi.

            "Mas..." – Ela tentou dizer.

            "Não era nada especial mãe, então... Boa noite!"
           
            Já era tarde quando terminei minhas lições. Eu não conseguia parar de pensar na carta, eu sentia que havia algo importante nela, mas eu não sabia o que, nem por que. E agora, eu nunca mais saberia, ela havia se perdido. Para sempre? É, e eu viveria assim: com esse pensamento de que eu precisava dela, eternamente.

Deixei todos os pensamentos de lado. Agora não há nada que eu possa fazer. Comecei a arrumar minhas coisas e algo caiu embaixo da cama.

            "Não acredito, minhas chaves."

             Não conseguia enxergar nada e então comecei a "varrer" embaixo com minha mão. Encostei-me a um papel e logo depois encontrei as chaves. Empurrei ambos para perto de mim e para minha surpresa o papel era um envelope. Eu o abri e vi uma carta. Que ótimo: duas cartas para mim. Em um mesmo dia.

            "Não deixarei essa escapar." – Resmunguei comigo mesma.

            Essa tinha um remetente, e pela minha infelicidade não era a mesma. Talvez fosse do outro morador, porque esse remetente se chama "Seu anjo". Ri comigo mesma ao lembrar-me de mim e Bruno, fazendo brincadeiras e jurando proteção um ao outro para sempre, nos nomeando um anjo do outro. Imediatamente me encolhi com a lembrança.

            "Respire fundo." – Eu disse a mim mesma.

Comecei a leitura, era uma letra bonita, itálica e bem Caligrafada:


Não acredito, eu não quero ler romances. Não mesmo.


Espera um pouco, existe mais alguém no mundo que coincidentemente consegue fazer o mesmo que eu? Sorri ironicamente.


A cada palavra eu bocejava. Talvez amanhã eu leia. Antes de guardar, por curiosidade olhei para o verso e lá encontrei:




Um comentário:

  1. OMFG eu se visse essa data ia achar que era uma brincadeira DE MUITO MAU GOSTO!!
    o que ela quis dizer com "existe mais alguém capaz de fazer o mesmo que eu?"
    como acarta chegou la?
    quero ir no trabalho da mae tb, esse lugar parece uma delicia!!
    como ALGUEM JOGA UMA CARTA FORA? afff

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